o quarto de tempo
marca novo ano
meus pés tocam nas latas vazias
um silencioso primeiro de janeiro
é ano novo
o passado foi bem passado, obrigado por lembrar.
o barulho da chuva caindo no asfalto se mistura com os fogos
ainda tem gente que não entrou no novo ano.
escrevo em silêncio, achando silêncio
vozes vindo de longe, gritos de crianças histéricas e as vezes algum silêncio
“silêncio, no hay banda”
muito menos uma música para acompanhar, silêncio.
não arrumei a cama, está intacta
com as marcas de um corpo pesado de exageros
era fim de ano, agora começo e tudo é algum recomeço
o relógio vai marcando
tic-tac...
olho para os livros, não vejo referências
lembro de Manoel em um filme, ele disse:
“a razão é a última coisa que deveria entrar na poesia”
e o que entra aqui?
pobre engano.
“sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem e estará sujeita a cobrança após o sinal.”
ponto. é ano novo.