29/04/2012

agora é segunda
temos outra história.
você me mostra sua dança
entorpecido, te olho com fome
a volúpia de seu corpo desenha uma sombra
estou deitado te avistando
como um descobridor dos sete mares.
tiro sua roupa com os dentes
falo o palavrão que mais gosta no seu ouvido
aperto sua cintura querendo te domar
e eu domo
te tomo
te pego
te estrago.
você sorri 
sacana, querendo mais gosto meu
te tiro a respiração
te faço suar em bicas
te molho sem dó.
você é meu mar
mergulho como nenhum outro fez
porque sou eu
fazendo acordar todos os demônios
e no final
quem pede a conta é você.

27/04/2012

o expresso da meia-noite


soco na mesa:

o relógio marca meia noite e trinta ( e um).
o silêncio da madrugada se confunde com o passar de um carro vadio
no asfalto molhado pela chuva que não percebi.
o mundo lá fora parece não existir
eu não existo.
tem uma pedra no meu caminho
uma pedra no meu rim
tem uma pedra no meu uísque
uma pedra no coração

tem.
e um aperto tão apertado que não está cabendo no lado esquerdo do peito
uma saudade sem tocar em dó maior.
o relógio marca meia noite e trinta ( e sete).
uma gata olha pela janela a madrugada
essa bichana roubou o meu lugar
perdi toda bossa.


um expresso da meia-noite no café mais próximo, por favor.

26/04/2012

o goleiro

fiz golpe de vista
não adiantou
a bola beijou a trave
onde a coruja cansou de dormir.
hoje estou aqui, solitário
onde não nasce uma mísera grama
não tem local mais propício para um goleiro.
bombas são mandadas em direção ao meu peito sofrido
testam minha atenção a todo instante
espalmo, jogo para escanteio.
o ataque está a toda
pênalti!
é inevitável essa vida de furadas
tive de fazer
a marca da cal fatal
aponta com grande crueldade
pura maldade comigo
mereço ser punido
principalmente se for uma paradinha humilhante
ou cobrar no canto, sem oportunidade da minha cara sair na foto


eu mereço
estou só
é gol.
recomeça
o time todo no ataque
aguardo, quem sabe
a oportunidade de fazer história
enquanto isso
ajoelho onde não tem grama
escrevendo seu nome, meu amor.


(escrito no dia 26 de abril de 2012, dia do goleiro.)

21/04/2012

manhã de sábado

 acordo/ faço a cama/ apronto café/ como pizza de ontem/ leio o jornal/ lavo louça/ boto comida das gatas/ leio blogs/ escuto jorge ben & gil...

20/04/2012

VI

cama amarrotada
poemas mordidos
costas arranhadas sem dó.

18/04/2012

vou
será primeira a mirar
mergulhando em minha sopa de palavras
você junta como bem desejar
entre meus dedos está a colher
para dar na boca minha insanidade e minha vontade
te deixar ajoelhada em minha frente
enquanto sinto sua língua sedenta por mais
até dizer chega
até virar sono profundo.

17/04/2012

momentos de encontros num dia de semana amoroso.

seus olhos brilham
é a luz que falta para minha noite
aqui é tudo tão perdido.
meu amor é como um barco de papel
que navega, desbravando mares
e a qualquer momento pode ser engolido por uma onda
ou não.
você sorri como quem me ama há cinco horas
na verdade tem anos
ou mais, se acreditar em outra vida
acredita?
prefiro andar e quem sabe tropeçar numa pedra
assim cair em seus braços
abertos, como o cristo redentor que avistamos tão longe em botafogo
o nosso rio não é mais de janeiro
estamos no outono
e você quer meu melhor calor, quando se sentir sozinha nesse mundão
eu sei
e você diz com aquele sorriso mais bonito que é só meu
"por quê você é  assim?"
entre meus braços, sou eu te olhando para ter aquele momento para sempre
faz tanto tempo, não?
eu sei, é tanto que sou assim.

16/04/2012

amor sem dó

meu desacato é deixar você nua
completamente crua
gozar em altas notas
sem dó.
sua calcinha está no chão
eu samba-canção
corpos embaralhados numa cama esporrada
na cara
na boca
nos seios branquelos e sardentos.
é sexo noir, pina colada
risos cínicos de amor vagabundo
eu gosto
você gosta
nós gozamos.

15/04/2012

12/04/2012



rasgo sua roupa
com os dentes que quebram taças
de cristal.
você 
sua cor de pérola 
se mistura com minha pele quente
sou indecente e sacana
nos meus risos que adora afagar
lindos sonhos, não?
minha barba rasga seus seios que deram colo para a dor
eu não sou piedoso, nunca serei
estamos nos trópicos
todo suor é muito
e seu quadril é só meu.
pego sua mão
acaricio até segurar firme 
e digo na mais cara de pau:
quer fugir comigo?
vamos viver em pecado?