24/01/2012

Houve uma vez um carnaval

Era sexa. A Cinelândia abrigando milhares de pessoas,  era sexta-feira  que antecedia o carnaval. Estava pela Lapa, bebeu algumas cervejas, viu o movimento, tudo sozinho, porque assim que ele gostava de fazer. Passou por diversas pessoas, brindou, reparou em algumas moças, mas a volta para casa se fazia necessário. Era Praça XV, era ponto final. Os ônibus  sumiram com os confetes jogados pelos foliões sedententos.


Avistou uma moça, pelo lindo e jovial rosto parecia se encontrar na casa dos seus vinte e bem poucos anos, estava com um amigo, que logo se foi, no fundo percebeu que o rapaz recém-chegado naquele terminal finalmente a encontrou. O silêncio e alguns olhares rápidos aguçavam um início de algo, afinal eram os únicos naquele lugar, puxaram o assunto mais óbvio, por iniciativa dele: "Está muito tempo esperando aqui?", pronto, era início. O sorriso dela era doce e seus cabelos  pareciam um bom ninho para os dedos deitarem em afagos.


Conversaram por horas, por obra do carnaval ou destino, aquele ônibus tardava a chegar, naquele ponto falavam do trivial, passando por Nietzsche, o cinema, a música até num determinado momento, não por falta de assunto, mas pela aproximação das palavras, gestos, olhares, ficaram perto demais um do outro, tudo da forma mais natural.


Esqueceram qualquer regra de convivência ou etiqueta, se beijaram como se não houvesse quarta-feira de cinzas. Houve encontro marcado nos dias oficiais do carnaval, aqueles dois resolveram seguir o bloco, entre cervejas em Copacabana, retratos, beijos com gosto de uma liberdade jamais achada e os corpos cansados de tanto se achar num velho colchão que aqueles dois eram genuinamente dois.


O carnaval passou, alguns encontros mais aconteceram, assim como os desencontros e como todo caranaval que no fundo não tem fim para alguns, houve o reencontro da forma mais natural e inesquecível, após anos, acontecimentos, outros carnavais sem graça alguma, porres e desamores. Afinal, como esquecer do melhor carnaval de sua vida? De seu melhor amor de carnaval?


Era reencontro. Ele nervoso por um dia importante, ela pegando sua mão como disesse "estou aqui.", estavam maduros, como todo bom reencontro tem de ser. E entre cervejas na Lapa, surge um escrito de guardanapo de bar, escreveu como se não houvesse quarta-feira de cinzas, afinal aquele carnaval jamais acabou para aqueles dois.

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