28/11/2011

trouble blues

dançaram. o bar com vista para a cidade, as luzes iluminam os galanteios, os pés se encontram como se fosse um acidente premeditado, os olhares se tocam e sam canta aquele encontro. entre um brandy e outro, a companhia faz a bebida ser secundária, apenas para dar um gosto naquelas bocas sedentas de boas palavras, de sorrisos e beijos de arrancar suspiros no baile.

valsas canhotas no cabaret de brassaÏ.*

 há valsa canhota em mim, fico em danças e algumas andanças até a valsa chegar arrebatando. tempos atrás conheci em brassaÏ  a sua poesia em forma de fotografia, que se assemelha minha valsa, da forma mais canhota possível. há um intimismo que chega doer meus olhos quando folheio seu livro que achei numa promoção imperdível, daquelas lojas que vendem de tudo, até pilhas AAAAAA+A para alimentar o tamagotchi da última geração. diabo e anjo se juntaram para assoprar em meus ouvidos "se não fizer isso vai se arrepender amargamente no mármore do inferno...", abracei para não largar mais e comprei, não me arrependi. toda vez dialogo com ele, principalmente nas manhãs nubladas ou em noites que entro na comunhão de ficar bem quieto em casa, com minhas doses imaginárias de paris.

na verdade eu e ele temos mais em comum:revelar poemas.






*obs: copiei, colei e ficou assim: Ï. desculpem não lembro o tal código. sou um canhoto também com essas digitações mais apuradas, de códigos, leve em consideração como uma homenagem ao brassaÏ.

25/11/2011

viagem à lua.

bate no chão de pedras
sinfonia de um dia nublado.
chove alguma coisa no rio de janeiro
em são paulo, idem
ali em porto alegre as nuvens quebradas
tem semblantes tímidos de vinte graus.
prometo histórias de cronópios sem fama
porque a esperança se está embaixo da cama.
vamos, bote na gaveta este poema
faça de conta que inflou
e derramou alguma lágrima em seus olhos
cansados
por sempre me imaginar verde
mas sou castanho, com algum mel
levando álcool, de leve
em alguma noite perdida, blues
deixando sorrisos silenciosos
na sua lua cheia.

fome

dos beijos roubados sem batom
das línguas dançando tango
dos gemidos suspirados
do tesão descabido sem cabide
dos arranhões poéticos nas costas
das constelações perdidas nos seios
da bebida ardida na boca suja
do cheiro invadindo paredes
das pernas abertas fazendo blues
dos dedos dando ponto de partida
do molhado sem limpidez
dos sorrisos sacanas ao puxar cabelo
do suor embaralhado e descarado
do palpitar ofegante post mortem
dos afagos em meio as fumaças no escuro
da paixão sem ligar no dia seguinte.

20/11/2011

castigo

desce na escada um anjo
com a candura nos olhares vadios
você, esse anjo que beija mordendo meus lábios
e retribuo, adentrando de vez em seu céu
não há lugar com cheiro de algodão doce
os becos de neon e cervejas derramadas nos esperam
os gritos desesperados por clemência ecoam
enquanto sorri como a mais sacana e doce menina dos olhos
não sei sentir morno.
quero deixar marcas de palavras
com cheiro de vinho em seu corpo
despejar todo meu desejo por você, agora
ver seus arrepios in(tensos)  e dentro de seus olhos
faço meu carnaval
um castigo infinito...

18/11/2011




sou o demônio que corta suas asas
deixo completamente nua e crua
para meu deleite matinal
em algum quarto 
as pulgas saltam em polvorosa
após nossos pecados imperdoáveis.

16/11/2011

night and day

sua dança vadia me embriaga
levando ao seu abismo de risos ecoados
night and day, baby.
enquanto baila desejando meu corpo
contemplo cada curva de seus seios arrepiados
as peças estão em nosso tabuleiro
só restam os arranhões e mordidas
e tudo mais que seja manifestado
afinal, não somos amantes de novela das seis
e prefiro você nua e crua
porque assim que gosto de comer
night and day, baby.
porque entre um homem e uma mulher
deve ser blues
e algum sangue no canto da boca
após beijos roubados entre paredes escuras
night and day, baby.
saindo de cena para o cotidiano
passando por pessoas  apáticas e mortas,
você sorri livremente, levando em seu corpo
as marcas de mulher desejada
enquanto eu estou aqui
esperando em nosso sofá
carcomido pelos nossos corpos quentes
night and day, baby.

blues.

 
 
 
[ para a coisa dar certo entre dois tem ser blues.]

14/11/2011

céu ( ou inferno)

as partes que mais gosto dão boas vindas aos meus olhos
abrem as portas para meus desejos mais insanos
depois me oferecem abrigo para pousar sutilmente
para ouvir as batidas calmas de seu coração por mim.
sou o vento que refresca os bicos
em dias quentes de verão
despertando vulcões.
reparo cada detalhe do colo
me sinto um descobridor dos sete mares
quando tiro o sutiã com meus dentes de animal esfomeado.
e ali, nua e frágil
te faço mulher desejada.
mergulho profundo
procurando meu melhor abrigo 
nos arrepios cortantes 
de seus seios
depois é blues rasgado, beibe.





12/11/2011

madrugada de domingo 03:09.



na longa madrugada, escuto. gemidos baixos em meus ouvidos para não espantar os mais próximos. não que isso fosse um grande problema, mas sabe como é, bom quando os dois somente estão sabendo daquele momento, desfrutando e mordendo lábios de vinho tragado, tudo é gosto. as aves apreciam a arte voraz de dois corpos lutando com fome de abocanhar cada partícula, de invadir abismos jamais explorados. enquanto os anjos zelam o sono alheio, nossos demônios agem como traquinas em nossas mentes, dizendo " PORRA, QUERO MAIS!", não tem pausa para descanso, muito menos palavras de efeito. agora é tudo animal, meu bem, assim será. vamos, sussurre enquanto passeio minha língua em seu corpo. minhas mãos arranham poemas em suas costas e completamente entregue, você reproduz com a voz doce das meretrizes "PORRA, QUERO MAIS!", afinal, não tem coisa mais sensual do que uma mulher falar palavrão, seja na topada que dá na rua ou no momento que estamos no chão suado. continuamos nossos atos até o canto dos passarinhos nos desejando bom dia, será o momento de fecharmos a janela e sonharmos um pouco com alguma coisa que não seja realidade com gosto de quero mais.

09/11/2011

diablo.

                                                   [eu sou o diabo que corta sua asa]

07/11/2011

II






as ruas de paraty estão vazias
esperando um tango
derramado.

03/11/2011

código morse



mordo 
com a boca devassa
do amante embriagado.
dentro de você
descubro a caverna pouco habitada
porque não faço visita no chá das cinco
prefiro aprontar estardalhaços 
para rir nas horas quebradas da madrugada.
enquanto escuto seus sussurros abraçando meu ouvido
fecho meu olhos buscando céu
nesse surrealismo sacana
que nem dali entende.
é fim de tarde
aguardo água
ardente
na chuva da estação
você goza no sentido contrário
enquanto eu pulo o vão 
entre o trem e a plataforma.
a noite chegou
deixo meu melhor sorriso
no canto da boca
porque nasci para ficar
em estação alguma.