17/05/2012

não há nada a ser feito. estou longe, mais exatamente do outro lado do rio. uma grande questão geográfica e de acontecimentos que mudam a cada segundo em nossas vidas, não há rigorosamente o que fazer, apenas cavar e cavar. vou sumir como uma formiga fugindo de um grande pé que está lutando para ficar só mais um pouco viva antes de ser esmagada, vou beber toda aquela garrafa vagabunda, porque hoje pede algo bem baixo nível, como essa faca que me empurra de um jeito tão frio em meu peito. vou mergulhar fundo em meu silêncio e tentar ─ quem sabe ─ achar uma brecha de luz no meio dessa região abissal que me encontro. não é ironia, nunca foi.

16/05/2012

poema de um choro entorpecido de amor. ( ou dor de facada no meio do peito)

rio de janeiro, 03:06 da manhã


o choro estancado me dói
confundo fumaças de outono com as do cigarro
que não fumo há dois anos
você me tocou pela última vez ali
bem certeiro, no meu coração
ele está gelado.
estou te fumando e soltando a fumaça minhas mãos
estou te gritando como nunca fiz
estou com suas últimas palavras nuas e cruas
e meu sangue não para de escorrer na parede
é amor, mais que fatal
te perdoo, tanto que me calo.
o gosto amargo de bebida mal amada continua
é de foder
sua dor que me consome
seu silêncio que me come
sua frieza que me curra.
não é fatalidade
estava escrito em algum lugar
com meu sangue quente
de quem te amou um dia
mesmo do outro lado do rio.


e agora eu só quero dormir em paz.

14/05/2012

porres de um discurso amoroso.

 você acha que isso acabou? nada, nós sempre vamos encher a caveira, ter uma grande ressaca no dia seguinte e sim, vamos sofrer de amor, mesmo aquele que não chega a chorar como as grandes personagens de novela mexicana , mas vamos sofrer. sabe por quê, caríssima pessoa? porque demoramos a aprender a aprender a vida com os porres e desamores.

11/05/2012

 não uso guarda-chuva por mera falta de coordenação, mas no fundo não vejo o porque me abrigar num lugar seguro, já que meus caminhos são feitos de forma errada. vivo na corda bamba, dançando cinicamente com a sorte, com o perigo e sorrindo para a bala perdida de amor. não uso guarda-chuva e quero ter contato com cada pingo de lágrima, porque sou humano, sou avesso, sou errante, sou principalmente aquele ser no meio de uma metrópole que não sabe da minha existência.

-sexta-


antecede alegrias e alguma pitada de sofrimento.

10/05/2012

eu não sou poeta, sou outra coisa.

-quinta-

é dia de feira. os pássaros fazem as mesmas cantorias quando chego em casa no final de semana e eu fico rindo porque é tudo muito irônico.

09/05/2012

noite de outono

apalpo
seus seios
enquanto dança
tentando escapar de meus ponteiros
que marcam os segundos de nosso jazz.
você quer ser mais quente que meu chá
enquanto passo minha barba no meio 
de suas pernas 
quero ouvir me dizendo
-eu não sou sua
te desafio.

-quarta-

mesmo com dores, eu fiz a gentileza de retribuir o sorriso que o sol me deu. hoje é dia de bolo e guaraná e muito doce para quem é responsável por tudo isso.

08/05/2012

-terça-

cai mansa a chuva que me acorda de sonhos. acendo a luz e a realidade volta, seu silêncio cria tempos como esse.

07/05/2012

por trás da porta gelada estão minhas palavras jogadas em algum canto.

- segunda -

 com gosto de conhaque de alcatrão e cheiro de cigarro infestando meu quarto, saúdo ao abrir a janela e dou sorriso irônico para a ressaca do final de semana. é segunda e não dia de feira.