26/04/2012

o goleiro

fiz golpe de vista
não adiantou
a bola beijou a trave
onde a coruja cansou de dormir.
hoje estou aqui, solitário
onde não nasce uma mísera grama
não tem local mais propício para um goleiro.
bombas são mandadas em direção ao meu peito sofrido
testam minha atenção a todo instante
espalmo, jogo para escanteio.
o ataque está a toda
pênalti!
é inevitável essa vida de furadas
tive de fazer
a marca da cal fatal
aponta com grande crueldade
pura maldade comigo
mereço ser punido
principalmente se for uma paradinha humilhante
ou cobrar no canto, sem oportunidade da minha cara sair na foto


eu mereço
estou só
é gol.
recomeça
o time todo no ataque
aguardo, quem sabe
a oportunidade de fazer história
enquanto isso
ajoelho onde não tem grama
escrevendo seu nome, meu amor.


(escrito no dia 26 de abril de 2012, dia do goleiro.)

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