28/12/2011

noite fria

é noite fria
você de camisola roxa
deita em minha cama
leve como uma gata traiçoeira
encosta seu nariz em meu braço
sente meu cheiro sem dali
diferente do primeiro encontro que tivemos.
nossos sonhos são pontos de interrogação
três pontos
o futuro é reticência quebrada.
você continua buscando em meu corpo
o gosto que deixei na sua boca esfomeada
hoje é ceia sem pão, vinho e gozo
tudo é silêncio no quarto.
olho para o teto
procurando algo novo
não sendo as sardas em seus seios
que adorava contar, uma por uma.
hoje vejo rachaduras
o concreto se foi
algumas cascas estão no chão
denunciando nosso fim.

27/12/2011

fim de ano

os abraço apertado
aperta
coração saudoso
despedida
no quarto de tempo
histórias de um futuro
próximo
distância do passado
é logo ali.

21/12/2011

porque gosto de paixões tortas.

verão.


olhos fechados
sentidos aguçados
palpitar atingindo o máximo
mãos se encontram na parede
a luz do baile nos abraça
música nos conduzindo
para um mundo só nosso
doce sonho de verão.

16/12/2011

pós

toco jazz no meio
de suas pernas.
treme
como mundo acabasse em cinco segundos
nosso chão de madeira comida
se mistura com o suor de uma tarde de verão
nos perdemos no quarto de tempo
para acharmos na rua do fogo.
as flores mortas estão jogadas
de tanto tomar tapa de amor
trocamos nossas teias
por algum gozo incontido
arrebata dor.
no fim é só dor
e algum gosto de ressaca matinal.
toco blues
no meio de seu coração
para valer a pena
esta manhã
que passamos mudos
pós.

13/12/2011

love will tear us apart*


entre beijos, abraços e trapaças
a porta fecha o quarto vazio
nele há frases na parede
e alguma marca de unha.
madrugada adentro
é como mar aberto
tubarões dançam entre suas pernas
cantarolando baixo uma canção
no quarto vazio.
escuridão aninha seus sentidos
você dança sozinha
a espera de um amor
para acender a luz do quarto
vazio.





*escutar essa música ao ler...
[nunca mais é muito tempo.]

11/12/2011

jogo de pôquer

eu lá sou homem de me lambuzar em migalhas?  não, aqui as coisas funcionam de outra forma. a reciprocidade é bem verdadeira, fica o aviso. eu não sou daqueles que ficam emburrados por um rabo. beibe, v. tem que rebolar muito para chegar ao meu ponto, deixando bem claro. agora faça sua escolha, porque eu jogo as cartas na mesa sem dó nem piedade, com direito a doses viradas.
[meu mundo não caiu, tem apenas outro nome.]

09/12/2011

vida de gatos bandidos.

surgirá o dia que seremos gatos. vamos desfrutar de todo o sossego que uma boa casa pode nos oferecer durante o dia, caindo a noite nos preparamos para arranhões e um casinho para lembrarmos que aqueles tais seres humanos são tão substituíveis.

mal sabem eles...

07/12/2011

06/12/2011

preciso de refúgio, meu destino deve ser percorrido sem grande alarde, tudo do jeito mais silencioso. preciso me distanciar dos asfaltos, dos arranha-céus ou simplesmente dos gritos que escuto apenas gritos. preciso de refúgio para minhas palavras terem algum sentido e significado.

porque navegar nem sempre é preciso.

03/12/2011

prosa e foda.

só sei que depois de tantas fodas
vou fazer poema nas suas costas nuas
só para você
no seu corpo inteiro faço prosa
e foda.

01/12/2011

o tédio

"porque aqui na terra o tédio está muito grande." 
 roberto piva


e digo mais: isso tudo se dá aos desencontros das horas, das pessoas, dos momentos únicos, no hay banda. esse tédio faz descabelar todos os seres que vivem dos mergulhos profundos. os barulhos que fazem os copos brindados por paixões arrebatadoras não podem ser silenciados por esse tédio que ronda o mundo, deixando as pessoas entregues, com expressões moribundas e bundas.
chutar o tédio faz parte de mim, o problema que faço sozinho.

28/11/2011

trouble blues

dançaram. o bar com vista para a cidade, as luzes iluminam os galanteios, os pés se encontram como se fosse um acidente premeditado, os olhares se tocam e sam canta aquele encontro. entre um brandy e outro, a companhia faz a bebida ser secundária, apenas para dar um gosto naquelas bocas sedentas de boas palavras, de sorrisos e beijos de arrancar suspiros no baile.

valsas canhotas no cabaret de brassaÏ.*

 há valsa canhota em mim, fico em danças e algumas andanças até a valsa chegar arrebatando. tempos atrás conheci em brassaÏ  a sua poesia em forma de fotografia, que se assemelha minha valsa, da forma mais canhota possível. há um intimismo que chega doer meus olhos quando folheio seu livro que achei numa promoção imperdível, daquelas lojas que vendem de tudo, até pilhas AAAAAA+A para alimentar o tamagotchi da última geração. diabo e anjo se juntaram para assoprar em meus ouvidos "se não fizer isso vai se arrepender amargamente no mármore do inferno...", abracei para não largar mais e comprei, não me arrependi. toda vez dialogo com ele, principalmente nas manhãs nubladas ou em noites que entro na comunhão de ficar bem quieto em casa, com minhas doses imaginárias de paris.

na verdade eu e ele temos mais em comum:revelar poemas.






*obs: copiei, colei e ficou assim: Ï. desculpem não lembro o tal código. sou um canhoto também com essas digitações mais apuradas, de códigos, leve em consideração como uma homenagem ao brassaÏ.

25/11/2011

viagem à lua.

bate no chão de pedras
sinfonia de um dia nublado.
chove alguma coisa no rio de janeiro
em são paulo, idem
ali em porto alegre as nuvens quebradas
tem semblantes tímidos de vinte graus.
prometo histórias de cronópios sem fama
porque a esperança se está embaixo da cama.
vamos, bote na gaveta este poema
faça de conta que inflou
e derramou alguma lágrima em seus olhos
cansados
por sempre me imaginar verde
mas sou castanho, com algum mel
levando álcool, de leve
em alguma noite perdida, blues
deixando sorrisos silenciosos
na sua lua cheia.

fome

dos beijos roubados sem batom
das línguas dançando tango
dos gemidos suspirados
do tesão descabido sem cabide
dos arranhões poéticos nas costas
das constelações perdidas nos seios
da bebida ardida na boca suja
do cheiro invadindo paredes
das pernas abertas fazendo blues
dos dedos dando ponto de partida
do molhado sem limpidez
dos sorrisos sacanas ao puxar cabelo
do suor embaralhado e descarado
do palpitar ofegante post mortem
dos afagos em meio as fumaças no escuro
da paixão sem ligar no dia seguinte.

20/11/2011

castigo

desce na escada um anjo
com a candura nos olhares vadios
você, esse anjo que beija mordendo meus lábios
e retribuo, adentrando de vez em seu céu
não há lugar com cheiro de algodão doce
os becos de neon e cervejas derramadas nos esperam
os gritos desesperados por clemência ecoam
enquanto sorri como a mais sacana e doce menina dos olhos
não sei sentir morno.
quero deixar marcas de palavras
com cheiro de vinho em seu corpo
despejar todo meu desejo por você, agora
ver seus arrepios in(tensos)  e dentro de seus olhos
faço meu carnaval
um castigo infinito...

18/11/2011




sou o demônio que corta suas asas
deixo completamente nua e crua
para meu deleite matinal
em algum quarto 
as pulgas saltam em polvorosa
após nossos pecados imperdoáveis.

16/11/2011

night and day

sua dança vadia me embriaga
levando ao seu abismo de risos ecoados
night and day, baby.
enquanto baila desejando meu corpo
contemplo cada curva de seus seios arrepiados
as peças estão em nosso tabuleiro
só restam os arranhões e mordidas
e tudo mais que seja manifestado
afinal, não somos amantes de novela das seis
e prefiro você nua e crua
porque assim que gosto de comer
night and day, baby.
porque entre um homem e uma mulher
deve ser blues
e algum sangue no canto da boca
após beijos roubados entre paredes escuras
night and day, baby.
saindo de cena para o cotidiano
passando por pessoas  apáticas e mortas,
você sorri livremente, levando em seu corpo
as marcas de mulher desejada
enquanto eu estou aqui
esperando em nosso sofá
carcomido pelos nossos corpos quentes
night and day, baby.

blues.

 
 
 
[ para a coisa dar certo entre dois tem ser blues.]

14/11/2011

céu ( ou inferno)

as partes que mais gosto dão boas vindas aos meus olhos
abrem as portas para meus desejos mais insanos
depois me oferecem abrigo para pousar sutilmente
para ouvir as batidas calmas de seu coração por mim.
sou o vento que refresca os bicos
em dias quentes de verão
despertando vulcões.
reparo cada detalhe do colo
me sinto um descobridor dos sete mares
quando tiro o sutiã com meus dentes de animal esfomeado.
e ali, nua e frágil
te faço mulher desejada.
mergulho profundo
procurando meu melhor abrigo 
nos arrepios cortantes 
de seus seios
depois é blues rasgado, beibe.





12/11/2011

madrugada de domingo 03:09.



na longa madrugada, escuto. gemidos baixos em meus ouvidos para não espantar os mais próximos. não que isso fosse um grande problema, mas sabe como é, bom quando os dois somente estão sabendo daquele momento, desfrutando e mordendo lábios de vinho tragado, tudo é gosto. as aves apreciam a arte voraz de dois corpos lutando com fome de abocanhar cada partícula, de invadir abismos jamais explorados. enquanto os anjos zelam o sono alheio, nossos demônios agem como traquinas em nossas mentes, dizendo " PORRA, QUERO MAIS!", não tem pausa para descanso, muito menos palavras de efeito. agora é tudo animal, meu bem, assim será. vamos, sussurre enquanto passeio minha língua em seu corpo. minhas mãos arranham poemas em suas costas e completamente entregue, você reproduz com a voz doce das meretrizes "PORRA, QUERO MAIS!", afinal, não tem coisa mais sensual do que uma mulher falar palavrão, seja na topada que dá na rua ou no momento que estamos no chão suado. continuamos nossos atos até o canto dos passarinhos nos desejando bom dia, será o momento de fecharmos a janela e sonharmos um pouco com alguma coisa que não seja realidade com gosto de quero mais.

09/11/2011

diablo.

                                                   [eu sou o diabo que corta sua asa]

07/11/2011

II






as ruas de paraty estão vazias
esperando um tango
derramado.

03/11/2011

código morse



mordo 
com a boca devassa
do amante embriagado.
dentro de você
descubro a caverna pouco habitada
porque não faço visita no chá das cinco
prefiro aprontar estardalhaços 
para rir nas horas quebradas da madrugada.
enquanto escuto seus sussurros abraçando meu ouvido
fecho meu olhos buscando céu
nesse surrealismo sacana
que nem dali entende.
é fim de tarde
aguardo água
ardente
na chuva da estação
você goza no sentido contrário
enquanto eu pulo o vão 
entre o trem e a plataforma.
a noite chegou
deixo meu melhor sorriso
no canto da boca
porque nasci para ficar
em estação alguma.

30/10/2011

26/10/2011

samba-canção
amor
no meio da avenida
rio branco
cruza almirante.
o olhar paraliza
deixando sinal verde fazer fluxo
aos passos corridos
por segundos meus desejo era transofmar em sinal 
vermelho
para ter de volta o olhar dela
esperando o meu
fora da faixa de segurança.

17/10/2011

lembranças de chuva no horário de verão.


da minha janela vejo cair
lágrimas no horário de verão
enquanto tomo meu chá.
lembro do dolorido bom
das costas.
o sono foi bom, solitário mas bom
tento ver no fundo da xícara
o dia que irei sentir
a sensação de boa dor
após visitar seu corpo
novamente.

16/10/2011

I



arranco sua roupa
como um animal esfomeado
te deixo completamente nua.

09/10/2011

corpo de delito

domingo surge
como um velório
dos mais silenciosos
ontem foi carnaval
fora da estação
hoje é viver
o corte seco
de um domingo
com gosto de bebida mal amada
e da ressaca intragável.
o mundo acabou
só restou este dia
para contar a decadência dos prédios vazios
de janelas carcomidas pelo tempo
no centro.
é domingo
as crianças brincam, as pessoas passeam
e no fundo de um quarto
há uma flor morrendo de amor
domingo
é corpo de delito.

04/10/2011

noturno, o gatuno.

noturno era o nome do gato. ele era da minha irmã, na verdade de ninguém. morávamos em uma belíssima cidade do interior fluminense, vivi os cinco anos mais doces da minha vida, minha inocência era tão aguda que depois de muitos anos só agora minha mãe descobriu o que eu tinha (acho que ainda tenho...) dislexia para matemática. (sim, isso existe).

voltando ao assunto, noturno era um negão de olhos amarelados que adentravam bem nas noites em que dava sua escapadinha, esse era noturno. voltamos para a capital, minha irmã, horas antes de pega-lo para fazer nossa viagem...simplesmente nos passos gatunos, desapareceu. segundo informações dos ex vizinhos, noturno voltou semanas depois para a casa onde vivemos doces anos.

a casa dele era ali e noturno não suportaria a vida aqui.

03/10/2011

valsas canhotas no cabaret de brassaÏ.*


 há valsa canhota em mim, desde que nasci eu fico em danças e algumas andanças até a valsa chegar arrebatando. tempos atrás conheci em brassaÏ  a sua poesia que se assemelha minha valsa, da forma mais canhota possível. há um intimismo que chega doer meus olhos quando folheio seu livro que achei numa promoção daquelas "é pegar ou largar sua vida, caso não executar a coisa certa.", eu fiz e não me arrependi. toda vez dialogo com ele, principalmente nas manhãs nubladas ou em noites que entro na comunhão de ficar bem quieto em casa, com minhas doses imaginárias de paris.

na verdade eu e ele temos mais em comum:revelar poemas. e no fundo mais em comum ainda: somos nada, que só nós mesmos enxergamos algum significado para existir no meio do que chamamos isso de mundo.

ah, temos uma diferença, continuo valsando ( da forma mais canhota e torta possível), enquanto ele descansa.






*obs: copiei, colei e ficou assim: Ï. desculpem não lembro o tal código. sou um canhoto também com essas digitações mais apuradas, de códigos, leve em consideração como uma homenagem ao brassaÏ.

27/09/2011


[acaricio as feridas abertas para sumir com as lembranças das almas etílicas.]



a moça se descabela
no rio do desespero.
piranhas pulam para abocanhar
um pedaço de carne
com cheiro inebriante
de alfazema.

amor ?




[vejo amor onde não tem.]

25/09/2011

 gosto desses subersivos das letras, eles viviam inquietos e cheios de hábitos pouco comuns.tudo bem, se tivesse em mãos alguns diários que esses caras escreveram eu ia continuar achando minha vida muito boa. não, provavelmente eu enlouqueceria com a merda de vida que eles viveram, porque é assim pelo menos para mim: inquietude é uma falta de paz de espírito impressionante.

 [quem nunca matou o amor que mostre a primeira faca.]



[gritos, garrafas e algum furto no meio da confusão, a manhã nasce no silêncio da violência jorrada de sangue.]

20/09/2011

Das coisas significantes




copo transborda desejo
deleitando em sua cama
derreto em labirinto de orgasmo
virando meus olhos esbugalhados
completando nosso sexo vadio
me encontro nos abraços afagados
extasiado em sua teia de gozo
minha fome é voraz
pelo seu gosto de framboesa
perdendo tempo no absurdo 
grito minha insanidade dentro
bem dentro
saciando bem
completamente dentro
porque assim sou
perdendo tempo com as coisas significantes
você.

poema com algum sentido para sentir.



o que sinto
é indecente
rasgado
tragado
gritado
e aninhado.
em algum canto desse quarto há surrealismo sem ismo e um vinho guardado no fundo do armário.






[meu quarto
  é um baú de 
  escândalos.]

19/09/2011


[ o corvo canta vazio na madrugada. ]

no pardieiro.

 o baile está cheio, meus olhos não param em nenhuma moça de ocasião única. tudo tão igual, lugar-comum e bala halls azul...

mariazinha do bole-bole.


mariazinha me disse:
te mostro minha calcinha pequenininha.
desvelou dedos
seu desodorante estava fora da
área de cobertura
mariazinha ri
eu rio
de setembro
e rimos
de você que perdeu tempo
lendo mariazinha e eu.
e essa vontade, desejo, pressão, insônia, sede, urgência, masoquismo, salvação, válvula de escape e tudo mais quando eu falo, sinto e respiro a palavra "escrever". é tanta coisa aqui que não tenho mais o que declarar, a não ser mais uma vez tentar começar algo que não esteja escrito.